Rigidez do controle do psilídeo garante sanidade de pomar em Aguaí
"No tempo que se procura o psilídeo, o HLB entra e come o pomar". Com esse pensamento o citricultor Dorival Fortes toca sua propriedade de 130 mil plantas em Aguaí com índices muito baixos da doença, um grande mérito, uma vez que a região está entre as mais afetadas e o pomar possui muitos vizinhos com alto índice de plantas doentes.
Para conseguir manter o pomar sadio, Fortes segue rigidamente quase todos os mandamentos para o manejo adequado do HLB. Planejou o pomar e antes de realizar o primeiro plantio com mudas de viveiros certificados, mapeou toda a região e procurou os donos de chácaras e sítios vizinhos propondo arrancar os pés de citros e plantar mudas sadias no lugar, as quais cuida até hoje. Dentro da sua propriedade a rigidez do controle passa pela inspeção, feita quatro vezes por ano com uma equipe treinada que retira, logo em seguida, todas as plantas doentes, plantando duas mudas no lugar.
O único mandamento que Fortes não segue é o monitoramento do psilídeo, isso porque o citricultor apostou em um severo sistema de controle do inseto na propriedade, sobretudo nas bordas.
A guerra contra o psilídeo começou no plantio. As mudas vieram do viveiro "vacinadas" com inseticida sistêmico, que foi reaplicado a cada 90 dias até as plantas completarem sete anos. Em um plantio mais recente, a aplicação é feita a cada dois meses. Nos períodos muito chuvosos o controle ganha reforço de drench. Associado a todas essas medidas, o citricultor faz pulverizações quinzenais de inseticidas de contato no pomar e semanais na borda da propriedade e das vizinhas.
Fortes criou o seu sistema de pulverização baseado em aplicações quinzenais em ruas alternadas, com alto volume para que a deriva chegue até a linha de plantio paralela a que não está sendo pulverizada. "Dessa forma eu pulverizo semanalmente, mas com o custo de pulverizações quinzenais", afirma. Ele ressalta que essa metodologia é viável para pomares novos apenas. "Enquanto tiver vão eu vou fazer. Quando o pomar for adulto e mais alto não vai funcionar", diz.
A propriedade é dividida em dois plantios, um de 2007, com 57 mil plantas, e outro de 2013 com 73 mil plantas. Nos dois casos, o tratamento contra o HLB é o mesmo e os efeitos são positivos. O primeiro ano de inspeção, em 2009, resultou na erradicação de 430 árvores, a maior do pomar. Desde então, a erradicação é sempre menor. No ano passado, forma 230 plantas erradicadas com sintomas. Em oito anos de pomar, a propriedade tem 3,9% de incidência acumulada. No pomar mais novo, a inspeção começou este ano e de janeiro a outubro foram arrancadas 124 plantas com HLB.
De acordo com Fortes, esse resultado foi alcançado graças à informação, obtida em uma viagem à Africa do Sul, em 2004. "Depois dessa viagem eu estudei muito o HLB. Até hoje o produtor não acredita no poder de devastação dessa doença. Eu vi e me preparei. Acredito que tiro pomar em qualquer lugar, mas o controle tem que ser muito rígido", afirma.
Esta e outras matérias estão disponíveis na edição 33 da revista Citricultor.