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Pesquisa conclui que adubação adicional do pomar não é suficiente para mitigar os danos do greening

Um estudo realizado pelo Fundecitrus, em parceria com o IAC, mostrou que a adubação adicional do pomar não teve efeito no aumento de produção de plantas doentes. A pesquisa foi conduzida em pomares adultos bem nutridos e com baixa incidência de greening, e publicado em janeiro de 2024 pela revista PhytoFrontiers, da Sociedade Americana de Fitopatologia.

O pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi afirma que esse é o maior estudo de adubação em plantas com greening já realizado no mundo. “Fizemos um experimento que durou seis anos, com oito tratamentos e quatro repetições. Cada parcela era constituída de 1.200 plantas”, explica.

A ideia do estudo surgiu quando o grupo de pesquisa notou que os produtores da Flórida (EUA) estavam fazendo ajustes na nutrição do pomar. “Eles tinham plantas adultas já afetadas pelo greening, e que com a aplicação adicional de nutrientes não apresentavam grande redução na produção. Nosso objetivo foi replicar o que eles estavam fazendo e juntar com outros tratamentos definidos pela equipe do IAC”, afirma Bassanezi.

A aplicação foliar dos produtos adicionais acontecia cada vez que as plantas vegetavam, ou seja, cinco ou seis vezes por ano. Bassanezi conta que em cada parcela era feito um tipo de tratamento. “Havia um tratamento que era só com adubação com macronutrientes, nitrogênio, fósforo e potássio (NPK). Um outro que era o NPK somado a micronutrientes (zinco, manganês e boro). Um outro era NPK mais micronutrientes que eram recomendados na Flórida, em que a proporção de manganês e zinco era maior. Tinha mais um que era NPK junto com nitrato de potássio e micronutrientes, um outro em que a gente colocava salicilato de potássio e micronutrientes e um outro que era completo, com todos os produtos, e ainda mais um que era o produto comercial vendido na época”, detalha.

Os pesquisadores separaram as plantas em grupos com diferentes níveis de severidade da doença. Em seguida era feita uma comparação da severidade da doença e produção das plantas doentes com as das sadias. “Também avaliávamos a quantidade de plantas doentes em cada parcela para verificar se algum desses produtos fazia com que menos plantas fossem afetadas”, relembra Bassanezi.

Outro objetivo da pesquisa era entender qual impacto que cada tratamento tinha na redução dos sintomas do greening e de deficiências nutricionais. “Avaliamos a porcentagem das plantas que estavam com deficiência de zinco, deficiência de manganês, deficiência de magnésio, ramos amarelados, folhas mosqueadas, frutos deformados e queda de frutos. Percebemos que as deficiências nutricionais foram suprimidas, porém os sintomas relacionados ao greening permaneceram em 100% das plantas”.

O estudo também mostrou que nenhum dos tratamentos foi capaz de fazer uma planta doente produzir como uma planta sadia. “Em todos os tratamentos, a severidade da doença aumentou com o tempo e a produção foi reduzida”, afirma Bassanezi.

Por fim, a pesquisa também avaliou a eficiência que o controle do psilídeo tem sobre a incidência do greening. “Deixamos um talhão com todos os tratamentos sem a pulverização para o psilídeo. Nos que pulverizamos, tivemos uma incidência da doença após os seis anos em torno de 26%. No que não pulverizávamos, ficou em 52%. Isso mostra a importância do controle do inseto para que o greening não avance por todo o pomar”, reforça.

A vasta pesquisa deixou claro que, já havendo uma boa nutrição do pomar, não existe nenhuma vantagem em fazer além do que já era recomendado visando incrementar a produção nas plantas doentes. “A nutrição não tem a capacidade de curar a planta com greening. O estudo mostra que é importante o citricultor seguir o que já vem sendo recomendado pelo Fundecitrus, ou seja, manter o pomar com baixa incidência da doença e bem nutrido”, conclui Renato Bassanezi.

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