Palavra do presidente: Simpósio mostra que luta contra o greening deve ser diária
Lourival Carmo Monaco
Presidente do Fundecitrus
O Fundecitrus promoveu o II simpósio Internacional de Greening com o objetivo de avaliar o progresso científico e tecnológico desenvolvido desde o primeiro simpósio, em 2006.
Com a presença de mais de 300 pessoas, foi constatado o compromisso dos participantes de diferentes elos da cadeia produtiva no enfrentamento dessa ameaça, na busca da melhor solução e de combate-la preservando a citricultura como uma importante fonte de oportunidades de emprego e de contribuição econômica e social para mais de 300 municípios.
Os temas abordados focaram a busca por estratégias e táticas, que implementadas de forma integrada, contribuirão com a redução da fonte de inóculo.
As palestras mostraram que o cenário do greening se assemelha em todo o mundo. A doença se expande e seus impactos variam em função das características sociais e econômicas de cada país.
Em comparação com o I Simpósio, realizado em 2005, hoje temos muito mais informações e conhecimentos devido à intensidade das pesquisas e seus resultados. Essas informações têm sido democraticamente compartilhadas. Prova disso são as convergências entre os procedimentos adotados no combate ao greening nos diferentes países.
Ressalte-se a competente contribuição do Fundecitrus nesse processo, mesmo com investimentos em pesquisa inferiores aos dos estados norte-americanos, da Califórnia e da Flórida. Nota-se também que nos Estados Unidos (EUA), o papel do governo tem sido relevante com apoio financeiro ou de suporte operacional, assim como na Costa Rica (América Central), que também foi pauta das discussões no evento.
A compreensão das consequências da ameaça tem gerado uma riqueza de informações, as quais se transformam em conhecimentos que contribuem para maior eficácia na estratégia de controle do greening.
Os resultados positivos apresentados no simpósio mostram que avançamos muito nas ações que poderão ser incorporadas no controle dando maior sustentabilidade e minimizando o impacto ambiental. O controle biológico com a Tamarixia radiata, com fungos entomopatogênicos e feromônios oferece oportunidades para o enfrentamento da praga em diferentes ambientes sociais e econômicos. Além disso, o produto com o uso do fungo Isaria fumosorosea mostrou-se promissor.
Toda essa gama de soluções permitirão uma citricultura sadia enquanto se progride na adoção de estratégias fundamentadas em técnicas de genética molecular como repelência, resistência e murta letal ao vetor.
A confiança da possibilidade de controle do greening com as técnicas conhecidas ou em desenvolvimento foram validadas pelos resultados positivos alcançados nos casos de sucesso do controle da doença em São Paulo e na Costa Rica. Os relatos demonstraram a possibilidade de manter a incidência da praga em níveis economicamente aceitáveis desde que o controle de qualidade seja seguido à risca.
A presença do greening trará como consequência uma nova citricultura na sua estruturação e nas operações agrícolas para dar maior eficácia no enfrentamento da praga. O planejamento organizacional, a valorização do patrimônio ambiental e as estratégias econômicas, foram amplamente abordadas, as quais deverão ser incorporadas nos esforços para o combate ao greening.
A experiência do Fundecitrus e das empresas citrícolas apontam uma característica fundamental no combate ao greening – as ações fora da porteira. As tecnologias e técnicas disponíveis somente darão resultados à medida que a sociedade, como um todo, entenda a complexidade e participe no combate à praga.
Nesse sentido as ações externas, em suas diferentes nuances, deverão estar incorporadas em cada canto do país onde a citricultura está presente. Essa cultura precisa ser incorporada no dia a dia das pessoas e a implantação de um sistema de alerta amplo resultará em maior compromisso pelo permanente controle da evolução do vetor em cada região.
Neste momento de grande significância para a citricultura paulista o sucesso do simpósio deve ser atribuído à capacidade de desenvolvimento científico e tecnológico, à compreensão dos citricultores e particularmente à dedicação dos funcionários do Fundecitrus e colaboradores.
O evento nos dá confiança que venceremos a luta contra o greening. Da mesma forma que nossa citricultura foi capaz de vencer a tristeza dos citros, a clorose variegada dos citros (CVC), a morte súbita e outros desafios.
Fica a certeza que a guerra ainda está longe de ser vencida e cada batalha conquistada fortalece nossa confiança em um final feliz. Não podemos baixar a guarda pois a luta é diária. As empresas e cada citricultor deverão cultivar o compromisso com o planejamento, a realização eficaz, o controle e a continua revisão dos resultados. Todos da empresa devem estar conscientes e comprometidos com a luta contra o greening.