Mesmo estabilizada, incidência de greening permanece alta no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro
Considerado o maior desafio fitossanitário da citricultura na atualidade devido ao seu elevado potencial de devastação, o greening está presente em 16,73% das laranjeiras do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro. A incidência, divulgada hoje (29/6) pelo Fundecitrus – Fundo de Defesa da Citricultura, permanece no mesmo patamar dos dois últimos anos – 17,89% em 2015 e 16,92% em 2016. Apesar da estabilização, o índice de plantas doentes é alto.
Como a metodologia do levantamento amostral do Fundecitrus foi aperfeiçoada, a variação dos resultados dos anos anteriores é de aproximadamente um ponto percentual para menos. Portanto, o número consolidado de 2017 aponta para uma leve tendência de crescimento – dentro da margem de erro.
De acordo com o gerente geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, São Paulo é a única citricultura do mundo com produção em larga escala que vem conseguindo manter sua competitividade mesmo com os efeitos do greening. “São cerca de 32 milhões de árvores doentes [das 191,7 milhões do cinturão]. O número absoluto é grande e preocupante. Isso significa que as ações preconizadas pelo Fundecitrus têm sido incorporadas por parte dos citricultores. Mas é preciso aumentar a participação e intensificar o controle porque o alastramento pode inviabilizar o parque”, avalia.
Na Flórida, localizada no sudeste dos Estados Unidos, estima-se que o greening esteja presente em 90% das laranjeiras. Em função da infestação desenfreada, a produção despencou de 169,7 milhões de caixas de laranja na safra 2006/07 para 68,5 milhões de caixas na safra 2016/17, segundo estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Setores e regiões
O cinturão citrícola de SP e MG é dividido em 12 regiões (cinco setores) – Triângulo Mineiro, Bebedouro e Altinópolis (Norte); Votuporanga e São José do Rio Preto (Noroeste); Matão, Duartina e Brotas (Centro); Porto Ferreira e Limeira (Sul); e Avaré e Itapetininga (Sudoeste).
O setor Sul é o mais afetado pelo greening, com 32,26% de plantas doentes, seguido pelo Centro (24,76%), Sudoeste (7,87%) e Norte (5,48%). O Noroeste é o menos comprometido, com 4,04% de incidência.
Em relação às regiões, Limeira é a mais impactada, com 39,48% de árvores doentes.
Tamanho
Quanto menor a propriedade, maior a incidência de greening. Nas propriedades de até 10 mil plantas, o índice da doença está em 36,03%. Já nas propriedades de 10,1 a 100 mil plantas e de 100,1 a 500 mil plantas os níveis da doença estão, respectivamente, em 29,15% e 14,88%. As maiores propriedades, com mais de 500 mil plantas, são as menos atingidas, com 2,37% de incidência.
A proporcionalidade é explicada pelo chamado “efeito de borda”. A maior parte das árvores contaminadas estão nos primeiros 200 metros dos pomares, que são as portas de entrada para o psilídeo (Diaphorina citri), transmissor da bactéria que causa a doença. Nas propriedades menores, a representatividade do número de plantas na borda em relação ao número total de plantas é maior, daí a importância de ações como o manejo regional integrado, em que os citricultores de determinada região realizam pulverizações em conjunto, simultaneamente, de acordo com a população de psilídeo naquele momento.
#unidoscontraogreening
Lançada oficialmente pelo Fundecitrus na 39ª Semana da Citricultura – de 5 a 8 de junho, em Cordeirópolis (SP) – a campanha #unidoscontraogreening busca o engajamento de todos os elos da cadeia produtiva de citros e da sociedade no enfrentamento da doença.
Como a citricultura, de acordo com estudo elaborado pela Markestrat em 2010, atualizado pelo IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), movimenta anualmente US$ 14 bilhões, gerando US$ 180 milhões em arrecadação e 200 mil empregos diretos e indiretos, os prejuízos causados pelo greening impactam diversos municípios e comunidades. Nesse sentido, o presidente do Fundecitrus, Lourival Carmo Monaco, é enfático: “O greening não é só um problema fitossanitário. O greening é uma ameaça econômica e social”, afirma.