Fundecitrus reúne empresas de defensivos em busca de novos fungicidas
Instituição destaca a necessidade de alternativas de substituição do carbendazim para oferecer ao citricultor
O Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) reuniu as empresas de defensivos, nesta segunda-feira, para discutir as alternativas para a substituição do carbendazim e o lançamento de novas moléculas de defensivos para citros. O fungicida foi retirado em janeiro da lista de Produção Integrada dos Citros (PIC), após a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA), identificar resíduos do princípio ativo acima do nível de 10 ppb (partes por bilhão) no suco de laranja, o que implicou na devolução de lotes ao Brasil.
O carbendazim não é registrado para citros nos EUA, embora seja usado em outras culturas no mesmo país. No Brasil, o produto era utilizado em citros para o controle das doenças pinta preta e podridão floral. De acordo com a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA, a quantidade encontrada no suco brasileiro não faz mal à saúde e é tolerada na maioria dos países do mundo.
O Fundecitrus ressalta a necessidade do desenvolvimento de novos produtos que possam ser incorporados ao manejo do pomar para evitar a resistência do fungo aos produtos já existentes – os que são à base de cobre e as estrobirulinas e manter condições de meio ambiente para a sustentabilidade do agronegócio.
“Pretendemos dar todo apoio às indústrias de defensivos no processo de apuração e avaliação de novas moléculas para que haja alternativas para o citricultor o mais rapidamente possível”, afirma o presidente Lourival Carmo Monaco.
Segundo o representante do Sindicato Nacional das Indústrias de Produtos de Defesa Agrícola (Sindag) na Câmara Setorial de Citros, Anderson Rodrigues, uma nova molécula custa US$ 250 milhões e o processo de registro no Brasil leva, pelo menos, quatro anos. Atualmente, seis projetos de novos fungicidas para citros tramitam na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas apenas um começou a ser avaliado.
“Essa demora em competir com as doenças e pragas, que mudam rapidamente, pode inviabilizar regiões produtoras”, afirma o presidente Monaco.
Treinamento
O Fundecitrus também estuda criar um treinamento que ajude o citricultor a utilizar os defensivos da maneira correta, seguindo às orientações do produto e à legislação.
Para isso deve contar com a experiência das indústrias químicas no fornecimento de informações sobre as características dos produtos e métodos práticos de sua aplicação no pomar, período de entrada, carência e número de aplicações. As empresas também deverão apoiar o Fundecitrus no detalhamento das recomendações dos produtos na lista PIC.
O treinamento irá ser agregado ao trabalho, que já é feito pela instituição, de capacitação para regulagem e calibragem das máquinas pulverizadoras, que tem o objetivo de aperfeiçoar a aplicação e reduzir custos com produtos, água e diesel, melhorando a sustentabilidade dos negócios de citros.