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Fundecitrus participa de encontro entre prefeitos e SAA para discutir greening

Preocupados com as consequências econômicas e sociais da doença, prefeitos de municípios paulistas, com relação histórica com a citricultura, expõem desafios imediatos impostos pela situação atual de altíssima incidência

O Fundecitrus participou, nesta quarta-feira (15/2), de um encontro entre representantes da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) do Estado de São Paulo e prefeitos de alguns municípios do setor Sul do Cinturão Citrícola de São Paulo e Triângulo e Sudoeste Mineiro para tratar sobre a alarmante situação do greening na região. Os prefeitos e representantes das prefeituras presentes manifestaram preocupação com os efeitos econômicos e sociais da doença, a mais avassaladora da citricultura, principalmente no que diz respeito aos pequenos citricultores, impactados pelo chamado “efeito de borda” — o psilídeo infectivo, aquele que carrega a bactéria causadora da doença, se instala nos primeiros 100 metros do pomar, contaminando grande parte das laranjeiras, já que quanto menor a propriedade, mais expostas à infecção as laranjeiras dela ficam.

O gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, e o engenheiro-agrônomo de Transferência e Tecnologia da instituição Arthur Tomaseto destacaram o potencial destrutivo da doença; a necessidade de observar com atenção a região onde se pretende renovar um pomar, sendo possível, como conclusão, até mesmo postergar essa decisão em função do risco de contaminação imediata; e a constituição de parcerias entre produtores e órgãos públicos para fortalecer a prevenção e o controle.

"Essa doença destruiu a Flórida [EUA], que agora vai colher 16 milhões de caixas de laranja [safra 2022/23]. E está destruindo a América Central neste momento", relatou Ayres para os integrantes da SAA e prefeitos. "A conscientização dos citricultores, do setor público e da sociedade é um caminho de parceria vital para fazer entender a gravidade da situação e enfrentar a doença de forma assertiva", afirmou.

União e desafios

Para o secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Antônio Júlio Junqueira de Queiroz, a citricultura paulista tem uma oportunidade de virar a chave. "O governador do estado de São Paulo [Tarcísio de Freitas] está impressionado com a força do agronegócio paulista e ele quer apoiar", disse. Durante o encontro, Queiroz sugeriu que a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) e as prefeituras criem um plano de ação e solicitou que novos encontros sejam realizados em breve para avaliação dos avanços.

O prefeito de Aguaí (SP), José Alexandre Pereira de Araújo, reforçou a necessidade de união. "Não adianta uma cidade cuidar e uma outra, limítrofe, não fazer a parte dela. Porque essa que não fez a parte dela leva o psilídeo com a bactéria para a que cuidou bem. Então, quando trabalhamos em conjunto, somos mais eficientes. Esse é o primeiro ponto", endossou. "Também queremos mostrar que estamos juntos, com o mesmo propósito. O Fundecitrus vem auxiliando muito, mas precisamos intensificar o enfrentamento ao greening", finalizou o prefeito.

O presidente da Associação Brasileira de Citros de Mesa (ABCM), Antônio Carlos Simoneti, chamou atenção para os impactos negativos da doença sobre a qualidade da fruta e afirmou que o greening vem tirando o sono dos citricultores. “O greening afeta diretamente a qualidade da fruta, a aparência e o sabor dela. A citricultura gera muitos empregos, por isso é uma questão preocupante. Eu sou da quarta geração de uma família de citricultores e estou lutando para continuar, mas não está fácil", desabafou.

O encontro também contou com a presença do secretário-executivo de Agricultura e Abastecimento, Marcos Renato Böttcher; do coordenador da Cati, Alexandre Grassi; do coordenador da CDA, Luís Fernando Bianco; do dirigente da assessoria técnica da SAA, Alberto Pereira Gomes Amorim; e dos prefeitos ou representantes das prefeituras dos municípios de Casa Branca, Conchal, Engenheiro Coelho, Leme, Mogi Guaçu e Mogi Mirim.