Fundecitrus participa de Congresso de Citricultura na Austrália
O gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, e o pesquisador Franklin Behlau participaram do Congresso Australiano de Citrus 2024, realizado em Sunshine Coast, na semana passada. O evento teve como principal objetivo discutir os impactos causados pelo greening nas indústrias de citros no exterior e estabelecer estratégias de prevenção e detecção da doença na Austrália.
Durante o evento, Behlau ministrou palestra no 1º Simpósio de Biossegurança de Citrus Austrália e trouxe um panorama do greening e os desafios da doença no Brasil. “Levamos informações atualizadas sobre a citricultura brasileira e as experiências adquiridas durante 20 anos de ocorrência da doença. Mesmo com o maior desafio que é o greening, o cinturão citrícola está em expansão e o Brasil é um caso de sucesso. Também conhecemos as tendências de variedades de porta-enxerto e copa utilizadas em outros países e reforçamos nossa parceria com as pesquisas australianas”, explica
O gerente-geral abordou, em sua palestra, as perspectivas do mercado citrícola brasileiro e o cenário das empresas de suco. “Mostramos como o greening tem causado grandes impactos econômicos para os citricultores e empresas de suco de laranja no Brasil. Mostramos, também, como o trabalho do Fundecitrus tem sido fundamental no combate à doença”, diz
RESISTÊNCIA
Ayres reforçou, ainda, que a viagem também teve o objetivo de fortalecer a parceria entre o Fundecitrus e o Departamento de Agricultura e Pesca, de Queensland, em busca da planta resistente ao greening. “A boa notícia é que existem duas espécies de citros resistentes ao greening que só ocorrem na Austrália. Por isso, será muito importante a parceria e o fortalecimento da colaboração entre os dois países para o avanço cientifico em busca do melhoramento genético de resistência ao greening. Além disso, já temos um material em estudo no Fundecitrus e esperamos receber mais materiais vegetais para pesquisa no Brasil”, finaliza.
O Fundecitrus tem parceria com os pesquisadores da Austrália em um projeto internacional na área de melhoramento de plantas que busca a resistência. O estudo está em andamento e visa identificar um gene que forneça resistência e que possa ser incorporado às variedades cítricas comerciais. Duas espécies nativas tiveram a comprovação científica que são resistentes ao greening: Citrus australasica (Microcitrus) e Citrus glauca (Eremocistrus). Essas espécies são consideradas resistentes porque não multiplicaram a bactéria do greening.
A pesquisa tem o objetivo, também, de identificar novos materiais que possam ser resistentes, além de entender, geneticamente, o que faz com que esses materiais se comportem assim, para que no futuro seja possível manipular essa característica nas variedades de citros comerciais.
Cerca de 450 pessoas participaram do Congresso, sendo 150 produtores. Além de palestrantes brasileiros e australianos, o evento contou com participantes de outros países, como China, Indonésia e Estados Unidos.
Os representantes do Fundecitrus foram convidados para o congresso e para outras atividades, e todas as despesas foram custeadas pela organização do evento. Além de ministrarem palestras, Ayres e Behlau participaram de Dia de Campo, visitando instituições de pesquisa, campos experimentais, packing house, viveiros e conheceram, ainda, pomares de citros comerciais em Wallaville, Gayndah e Childers localizadas na região de Bundaberg, no estado de Queensland, Nordeste do país. Também se reuniram com os diretores do Departamento de Agricultura e com os organizadores da Citrus Austrália, instituição representante dos produtores de citros, para reforçar a importância da ampliação da parceria entre Brasil e a Austrália, visando o projeto da planta resistente ao greening.
CITRICULTURA NA AUSTRÁLIA
Enquanto o greening é o maior desafio da citricultura paulista, na Austrália nem a doença, nem o psilídeo estão presentes. De forma geral, a citricultura australiana não é afetada por um grande número de pragas e doenças. As principais doenças encontradas no país são a pinta preta e a mancha marrom de alternaria.
A citricultura na Austrália tem cerca de 31.000 mil hectares, de acordo com levantamentos realizados em 2023. O país produz tangerinas, limões, lima ácidas, pomelos e laranjas, principalmente Navelinas e Valência que são destinadas ao mercado de fruta fresca e exportadas para a Ásia. As principais regiões de cultivo de citros na Austrália estão localizadas no Queensland, Riverina, Murray Valley e Western Austrália.