Fundecitrus completa 35 anos de apoio à sanidade citrícola
Fundo, criado em setembro de 1977 para combater o cancro cítrico, esteve envolvido nas principais evoluções do setor e inova continuamente para atender ao produtor de acordo com as tendências de sustentabilidade, qualidade de produto e de vida.
O Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) completa 35 anos neste mês de setembro, contabilizando um importante papel na manutenção e evolução do parque citrícola do Estado de São Paulo, o maior do mundo.
A instituição foi fundada, em 1977, pela cooperação dos citricultores e das indústrias processadoras de suco que buscavam uma solução para um problema grave e imediato na época, o cancro cítrico. Por mais de 30 anos, em trabalho conjunto com os órgãos públicos, os índices da doença foram mantidos em níveis muito baixos nos pomares paulistas.
Ao longo de sua trajetória, o Fundecitrus, acompanhando o surgimento de novas doenças e a expansão da citricultura para novos nichos, ampliou sua atuação de modo a dar suporte às demandas fitossanitárias da citricultura. Entre as marcantes contribuições para a competitividade do setor estão a produção de mudas em viveiros telados, a mobilização do setor para a erradicação do trabalho infantil no campo e, principalmente, o fornecimento de pacotes tecnológicos e formas de controle biológico para várias doenças dos citros.
A instituição teve participação decisiva na escolha de um patógeno de citros para o primeiro genoma brasileiro, que decifrou o material genético da bactéria Xylella fastidiosa, causadora da clorose variegada de citros (CVC), ou amarelinho. O projeto, que teve início em 1997 e foi concluído em novembro de 1999, fez o Brasil entrar para a história da ciência pelo primeiro sequenciamento de um fitopatógeno (organismo causador de doenças em plantas).
Seu trabalho ganhou novos foros internacionais com o surgimento do greening no Brasil. Desde sua identificção em 2004, o Fundecitrus colocou suas equipes na compreensão da biologia do pslídeo - inseto vetor da doença -, da presença das diferentes espécies do patogeno, e de técnicas que possam reduzir a velocidade de sua expansão. Hoje, o mundo reconhece o Estado de São Paulo como único lugar onde a possibilidade de manejo adequado nas maiores prioridades é real. Há ainda o desenvolvimento de estratégias, como a formação de grupos regionais, para envolvimento dos pequenos produtores.
Essa capacidade de continuamente se ajustar às mutações do agronegócio do citros levou o Fundecitrus a ser respeitado internacionalmente pela sua habilidade de construir um ambiente favorável à inovação, pelo envolvimento dos produtores, empresas e governo na condução e realização de pesquisas e na difusão de novas tecnologias. Desde 1994, o Fundecitrus tem laboratório e uma equipe própria de cientistas, que atualmente desenvolvem 84 projetos que buscam respostas para doenças de citros como greening, cancro cítrico, clorose variegada dos citros (CVC), pinta preta e podridão floral.
Os projetos são desenvolvidos por uma equipe de dez cientistas e por meio de parcerias com instituições nacionais e estrangeiras, entre elas University of Flórida, nos Estados Unidos, Institute National de la Recherche Agronomique (INRA), na França e Instituto Valenciano de Investigações Agrícolas (IVIA), na Espanha; Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) e Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Difusão de conhecimento
O foco permanente do Fundo é a busca e geração de conhecimento e sua incorporação em técnicas que possam ser aplicadas pelo produtor. Nessa orientação estratégica, o Fundecitrus presta assistência ao citricultor, com treinamentos e palestras. Em 2011, os engenheiros agrônomos da instituição capacitaram 28 mil pessoas com suas ações de disseminação de conhecimentos essenciais ao futuro da citricultura. Nesse sentido, neste ano, está sendo realizada a “Jornada do Conhecimento”, com palestras e dias de campo em 23 cidades do parque citrícola com abordagem de temas atuais e relevantes para a fitossanidade dos pomares de citros.
Entre estes temas, há a preocupação com a sustentabilidade. O Programa de Tecnologia de Aplicação, desenvolvido pelo Departamento Técnico do Fundecitrus, tem como objetivo tornar as pulverizações de defensivos mais eficientes e econômicas. Por meio do treinamento, os produtores conseguem reduzir entre 30% e 50% os gastos com as aplicações, além de minimizarem o uso de agua e de combustível, impactando menos o ambiente.
As pesquisas mostram que é possivel reduzir os volumes de calda de 50% a 75% e evitar o escorrimento dos produtos para o solo e a contaminação no meio ambiente com excesso de defensivos e poluição pela queima de óleo diesel. Nos últimos dois anos, o Fundecitrus apresentou o programa para mais de cinco mil produtores, por meio de palestras, dias de campo e visitas de engenheiros agrônomos às propriedades.
Focado no futuro da citricultura e no seu desenvolvimento tecnológico, desde 2009, o Fundecitrus oferece um mestrado profissional em Controle de Pragas e Doenças de Citros. O curso tem duração de dois anos, é voltado a engenheiros agrônomos e biólogos e tem aprovação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC).
“O Fundo operado com recursos dos produtores olha a citricultura na perspectiva de longo prazo mantendo a competitividade e a sustentabilidade. Sua administração, orientada por um conselho de citricultores, busca continuamente eliminar gargalos e intensificar a participação dos produtores na valorização do agronegócio tão importante para a geração de empregos e retorno econômico para centenas de municípios”, define o presidente do Fundecitrus, Lourival Carmo Monaco.