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Fundecitrus aposta em pesquisas que promovem a sustentabilidade na citricultura

O caminho para uma citricultura sustentável passa por melhorias na forma de manejar o pomar para manter a sua sanidade, sintonizada com as novas tendências de produção, mais modernas, com economia de recursos naturais e menos impactantes ao ambiente. Ciente dessa demanda, o Fundecitrus tem buscado em todas as suas linhas de pesquisas formas de ajudar o produtor a manter seu pomar produtivo com economia e sem agressões ao meio ambiente.

Controle químico X controle biológico

A trajetória do Fundecitrus nesta estratégia começou em 1996, quando um grande surto de bicho furão – mariposa cuja lagarta penetra nos frutos e pode provocar perdas significativas da safra – levou a pesquisa a buscar alternativas que inibissem o avanço da praga.

Com parcerias com o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), a Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ (Esalq/USP), em Piracicaba, a Universidade Federal de Viçosa/MG (UFV) e a Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp de Jaboticabal, as pesquisas evoluíram rápida e favoravelmente.

Os pesquisadores descobriram os hábitos do inseto, descreveram seu ciclo de vida e conseguiram isolar seu feromônio sexual. Do esforço conjunto resultou em uma armadilha, disponível para o citricultor desde 2001, que é uma ferramenta de baixo custo e alta eficiência no monitoramento para o controle de bicho furão. Uma pesquisa recente da Esalq/USP contabilizou que o uso da armadilha evitou perdas de U$$ 132,7 milhões a 1,32 bilhão, desde a sua disponibilização no mercado, em novembro de 2001, até 2013.

Também no ano de 1996, mais uma praga – a larva minadora dos citros – começaria a trazer sérios problemas à citricultura devido ao impacto que causa na severidade do cancro cítrico.  

Seguindo a linha de procurar ferramentas de baixo custo e pouquíssimo impacto ambiental, o Fundecitrus destinou seus esforços para uma solução rápida e eficiente. Foram então iniciados estudos quanto à viabilidade de importar dos EUA esse inimigo natural, e em meados de 1998 chegava ao Brasil o primeiro lote da vespinha Ageniaspis citricola, parasitóide da larva minadora. Após a quarentena, as vespinhas foram reproduzidas em larga escala e liberadas em 200 pomares de 60 municípios de São Paulo.

Nesse sentido, a Tamarixia radiata, inimigo natural de psilídeo Diaphorina citri, transmissor de HLB (huanglongbing/greening), é a mais nova ferramenta sustentável para o combate da principal doença da citricultura mundial. A vespinha utiliza as ninfas de psilídeo para se reproduzir, depositando seus ovos embaixo delas que servem de alimento quando as larvas nascem e as matam.

Uma pesquisa desenvolvida pela equipe do professor José Postali Parra, da Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ (Esalq/ USP), com apoio do Fundecitrus, estudou a eficiência da Tamarixia radiata no parasitismo de psilídeo e verificou que em áreas onde foi liberada houve redução de, em média, 70% da população de psilídeo, atingindo picos superiores a 90%.

Em março de 2015, o Fundecitrus inaugurou seu laboratório de Controle Biológico, em Araraquara/SP, onde funciona uma biofábrica de criação de Tamarixia radiata, com produção média de 100 mil vespinhas por mês, que são liberadas em locais onde não há controle químico de psilídeo como pomares domésticos ou abandonados, áreas com murta na zona rural e urbana indicadas pelo sistema de Alerta Fitossanitário. O objetivo é reduzir a população de psilídeo nos seus criadores de maneira sustentável, e evitar que ele migre para pomares de laranja.

Inseticidas naturais

Outra alternativa de controle mais sustentável são os inseticidas desenvolvidos com compostos naturais. Nessa vertente, o Fundecitrus está desenvolvendo dois bioinseticidas para o controle de psilídeo, inseto transmissor do greening (HLB).

Um deles tem como base fungos entomopatogênicos (que parasitam insetos). Após quatro anos de pesquisa, desenvolvida em parceria com a Esalq, o produto está sendo testado em campo com resultados iniciais que mostram uma eficiência de 80% na eliminação de psilídeo.

Outro bioinseticida que está em pesquisa usa a planta conhecida como “pimenta de macaco”. A substância já é utilizada em outras culturas e tem mostrado nos testes ter potencial para o controle de psilídeo. Mas devido ao risco representando pelo HLB, não é possível deixar de fazer o controle, sendo as aplicações químicas as mais eficientes.

Com a chegada da doença em 2004, os citricultores viram seus custos aumentarem com as pulverizações. Também nessa época foi iniciada a pesquisa do Fundecitrus sobre tecnologia de aplicação para psilídeo. Por vários anos a instituição manteve uma equipe dedicada a treinar produtores e visitar propriedades de citros para ensinar a regulagem adequada do maquinário para evitar o desperdício.

Futuro sustentável

Como uma das culturas que mais tem pragas e doenças, a citricultura também é a cultura que tem mais tipos de ferramentas para lidar com seus problemas fitossanitários.

A tendência é que no futuro o setor utilize cada vez mais inovações tecnológicas com foco na sustentabilidade e ações mais inteligentes, baratas e naturais. Uma aposta da pesquisa é o feromônio de psilídeo, uma ferramenta que poderá tanto ajudar no monitoramento do inseto como ser transformado em uma armadilha que o atraia e mate.

Outro investimento é na estratégia de repelência por meio de hormônios, odores ou materiais. Recentemente, o Fundecitrus entrou no projeto de desenvolvimento de um mulching refletivo repelente ao psilídeo.

Como estratégia de longo prazo, os pesquisadores também buscam plantas mais inteligentes – de citros ou outras culturas que possam ser consorciadas às laranjeiras – que sejam resistentes às doenças ou repelentes às pragas.

“Não importa qual o caminho que é tomado, todas as pesquisas do Fundecitrus têm em seu horizonte a missão da melhoria da citricultura com ações cada vez mais naturais e inteligentes”, afirma o gerente da instituição, Juliano Ayres.