Doze municípios retiram plantas de citros e murta da área urbana para ajudar a diminuir HLB nos pomares
Onze municípios paulistas e um mineiro resolveram retirar as plantas de murta e de citros das áreas públicas, calçadas e quintais de casas da área urbana. O objetivo é contribuir para a manutenção da citricultura como atividade econômica do município, eliminando os criadouros do psilídeo Diaphorina citri, transmissor do HLB (greening), doença que pode inviabilizar economicamente um pomar de citros. Até o momento, foram retiradas mais de 15 mil plantas.
Em Espírito Santo do Turvo foram erradicadas 304 plantas. Segundo o prefeito João Adirson Pacheco, a iniciativa foi tomada após uma reunião com o Fundecitrus e fazendas de citros. “Soubemos da gravidade do HLB e se a doença se proliferar, haverá um impacto social muito grande porque muitas famílias dependem da laranja para sobreviver”, disse.
A iniciativa foi baseada em uma lei de 2010 que proíbe o plantio de murtas na cidade. Naquela época, várias plantas foram eliminadas e o viveiro municipal parou de produzir a espécie. Dessa vez, as árvores de murta e citros foram retiradas de calçadas, quintais, praças e do cemitério e foram substituídas por outras espécies.
O município foi um dos primeiros fazer a ação. Também foram retirados murta e citros de Altair (297 plantas), Anhembi (399), Barretos (455), Cajobi (13.435), Colômbia (51), Nova Granada (50), Onda Verde (481), Reginópolis (460), Sud Mennucci (31), Paulistânia (325), Uberlândia/MG (154).
Em Onda Verde, na região Noroeste do parque citrícola, funcionários de uma fazenda foram de porta em porta conversar com os moradores para trocar as plantas de murta e citros por mudas de outras frutíferas. A ação contou com o apoio da Prefeitura Municipal e da Casa da Agricultura.
A importância econômica da citricultura para Anhembi, no Sudoeste de São Paulo, e a dificuldade encontrada pelas fazendas de citros do município devido à alta incidência de HLB motivaram a realização da ação que eliminou 278 plantas de citros e 121 murtas e distribuiu 399 mudas de outras árvores. “A produção de laranja é a cultura que mais injeta dinheiro na cidade. Também é o maior empregador e gerador de impostos, portanto precisamos cuidar para que o greening pare de avançar, para a citricultura permanecer na região, do contrário, o impacto negativo para o município seria grande”, diz o engenheiro agrônomo da Casa da Agricultura, Afonso Domingues.
Em Reginópolis, na região Centro do parque citrícola, a Prefeitura Municipal cedeu a equipe de controle de Aedes aegypti, transmissor da dengue, para auxiliar no levantamento das plantas cítricas e das murtas na área urbana e equipes de fazendas de citros da região visitaram os locais e substituíram as plantas.
De acordo com o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi, a ação fora da propriedade é tão importante e necessária quanto o controle do inseto no pomar, pois consegue eliminar os locais sem tratamento fitossanitário nos quais o psilídeo se reproduz. “Não adianta um trabalho eficiente dentro da fazenda se do lado de fora o psilideo consegue se desenvolver, pois estes insetos acabarão indo para os pomares de citros e contaminando as plantas”, afirma.
Como resultado, a população de psilídeos nas áreas onde houve a eliminação das plantas tem diminuído e a quantidade de psilídeos encontrada nas armadilhas instaladas nas bordaduras da fazenda caiu muito depois que o trabalho foi iniciado.