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CTNBio aprova normas para pesquisa com laranjeiras transgênicas no campo

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou, na reunião de maio, um comunicado de biossegurança para o plantio no campo de laranjeiras doces geneticamente modificadas para fins de pesquisa.

A medida representa um grande avanço para os estudos de citros transgênicos no Brasil porque permite que as instituições avaliem em campo materiais com potencial de resistência a doenças e pragas e ainda resistência à seca.

 

O documento estabelece normas que deverão ser cumpridas nos experimentos com materiais transgênicos no campo e serve de referência para todo país. A proposta foi endossada por todas as instituições que realizam pesquisas de biotecnologia com citros: Centro APTA Citros “Sylvio Moreira”/IAC, Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP), Embrapa Mandioca e Fruticultura, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Instituto Biológico/APTA, Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) e Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).

 

Durante a reunião, os membros da CTNBio destacaram a consistência da proposta que foi fundamentada em dados experimentais e contou com o auxílio de pesquisadores do Instituto Valenciano de Investigaciones Agrárias (IVIA), da Espanha, que realizam pesquisas com citros transgênicos no campo.

Segundo o pesquisador do Fundecitrus, Nelson Arno Wulff, o comunicado estabelece medidas de contenção de pólen nos experimentos por meio de barreiras genéticas formadas por citros, tornando mínimo o risco do pólen de plantas transgênicas se dissiparem para áreas externas ao experimento. “O florescimento era a principal preocupação da CTNBio para experimentos com citros transgênicos no campo. O órgão já tinha autorizado experimentos com citros modificados no campo em 2008, mas a permissão era referente apenas a avaliação vegetativa, ou seja, não poderia haver florescimento”, explica. Estes experimentos já foram extintos.

As características de polinização dos cítricos por abelhas e a presença de uma bordadura com pólen mais fértil que o das laranjas doces foi a alternativa apontada pelos pesquisadores. O comunicado de biossegurança proposto determina que os experimentos devem contar com bordaduras formadas por três diferentes variedades de citros, com duas linhas cada para evitar que o pólen das laranjeiras transgênicas não seja transportado por abelhas e outros insetos polinizadores para plantas de citros fora do experimento.

 

As primeiras duas linhas devem ser de citrandarin. A escolha se deve ao fato do pólen desta variedade ser altamente fértil, conhecido por “superpólen”, que irá ajudar a “disfarçar” o polén das plantas transgênicas. Estudos mostram que a abelha é atraída para a flor de laranjeira por causa do néctar e costuma visitar apenas uma planta por vez e em alguns casos, plantas próximas antes de voltar para a colmeia.  A estratégia dos pesquisadores é que se uma abelha visitar uma planta transgênica e se “sujar” com o seu pólen, caso ela visite outra planta cítrica, a primeira planta fora da área com plantas modificadas seja de citrandarin, da qual ela também se “suja”com seu superpólen e assim, se em raros casos, a abelha visitar outra planta, o superpólen fertilize a planta, barrando a dispersão do pólen da planta geneticamente modificada. pois o superpólen é mais eficiente na fecundação do que o pólen da planta transgênica.

 

A segunda bordadura é formada por duas linhas de tangerina e servirá para fazer o monitoramento da quantidade de pólen de plantas transgênicas que está sendo disperso. Para isso será avaliado o DNA das sementes dos frutos. Esta bordadura também serve de barreira física para a disseminação do pólen para áreas externas ao experimento.

Por fim, a terceira e última bordadura que envolve o experimento é formada por duas a quatro linhas de uma variedade comercial de laranjeira doce.

Mesmo com a aprovação do comunicado de biossegurança, toda instituição de pesquisa transgênicas deve solicitar autorização da CTNBio se quiser colocar experimentos de campo com plantas transgênicas. Para Wulff, os resultados práticos deste tipo de pesquisa aparecerão no longo prazo. “Como as plantas cítricas apresentam ciclo longo e a avaliação de resistência às doenças requer uma avaliação criteriosa, vamos precisar acompanhar o desempenho destas plantas por cinco a oito anos, até atingirem plena produção, isto após o desenvolvimento de materiais promissores no laboratório e em estufa”.

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