Confirmando tendência de queda, CVC afeta apenas 2,89% dos pés de laranja de SP e MG
Depois de ter sido considerada a pior ameaça à citricultura brasileira na década de 1990 e ter atingido mais de 50% das árvores nos anos 2000, a incidência de Clorose Variegada dos Citros (CVC), também conhecida como “amarelinho”, é hoje de apenas 2,89% no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, composto por 349 cidades, de acordo com o levantamento 2017 da doença feito pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). O número confirma a tendência de queda da CVC verificada nos últimos anos.
A CVC provoca o amadurecimento precoce e a redução acentuada do tamanho dos frutos, que podem perder até 75% de seu peso, levando à diminuição da produtividade. Seu baixo índice deve-se, principalmente, à intensificação do controle do greening (huanglongbing/HLB), considerada a mais destrutiva doença dos citros na atualidade. Como os produtos utilizados para o controle do psilídeo, inseto transmissor do greening, são os mesmos recomendados para as cigarrinhas transmissoras da CVC, as aplicações mais frequentes para o manejo do HLB resultaram em maior eficiência de controle da CVC, cuja população de vetores e eficiência de transmissão são menores em comparação ao greening.
Adicionalmente, o uso de mudas sadias provenientes de viveiros protegidos, obrigatório desde 2003, contribuiu significativamente para a redução da incidência da CVC nos pomares jovens. Além disso, a erradicação de pomares adultos improdutivos, altamente contaminados com greening e CVC, reduziu a incidência da doença também nessa faixa de idade de pomares.
Setores e regiões
O setor mais afetado pela CVC é o Noroeste (7,81%), seguido pelo Sul (4,45%). Norte (2,34%), Centro (2,02%) e Sudoeste (0,52%) apresentam menores incidências.
Setor e região |
Incidência de CVC (%) |
Noroeste |
7,81 |
Votuporanga |
10,41 |
São José do Rio Preto |
5,77 |
Sul |
4,45 |
Limeira |
4,93 |
Porto Ferreira |
4 |
Norte |
2,34% |
Bebedouro |
3,12 |
Triângulo Mineiro |
1,54 |
Altinópolis |
0,61 |
Centro |
2,02 |
Matão |
4,82 |
Brotas |
1,18 |
Duartina |
0,27 |
Sudoeste |
0,52 |
Avaré |
0,66 |
Itapetininga |
0,07 |
Total |
2,89 |
Idade e tamanho
Em relação à idade das plantas, quanto mais antigo o pomar, maior é a presença de CVC: 5,81% nas plantas com mais de 10 anos, 2% nas plantas entre 6 e 10 anos e 0,35% nas plantas entre 3 e 5 anos. Já as árvores ainda mais jovens estão livres da doença: não foi encontrada nenhuma planta com CVC em pomares de até dois anos de idade.
A presença de CVC, assim como a do greening, é maior em propriedades menores. Pomares com até 10 mil plantas apresentaram sintomas em 10,71% das árvores, número que cai para 3,42% em pomares com 10,1 a 100 mil plantas, e para 1,74% e 1,52% em propriedades com, respectivamente, 100,1 a 500 mil e acima de 500 mil plantas.
Severidade e perdas
Nos três estratos (região, idade das plantas e tamanho de propriedade), as maiores incidências foram observadas em plantas com sintomas iniciais (1,79%), ou seja, sintomas somente em folhas e em até 25% da área da copa. Como as perdas de produção estão associadas aos sintomas mais severos (em folhas e frutos em mais de ¼ da copa), a CVC não está causando prejuízos significativos, pois somente 0,45% das plantas possuem altos níveis de severidade.