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Cancro cítrico cresce 28% e CVC segue sob controle no parque citrícola de SP e MG

Enquanto medidas de manejo integrado devem ser adotadas pelos citricultores para evitar danos por cancro cítrico, CVC não deve causar perdas significativas

O cancro cítrico está presente em 15,01% das árvores do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, número que corresponde a 29,3 milhões de plantas e que é 28% superior ao índice de 2018, de 11,71%. Os dados são do levantamento de doenças do Fundecitrus divulgado nesta quarta-feira (31/7).

De acordo com o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi, o aumento era esperado, uma vez que o cancro cítrico está se disseminando em São Paulo depois que o estado adotou, em 2017, o status fitossanitário de Área Sob Mitigação de Risco (SMR), que permite a manutenção de plantas sintomáticas nos pomares. No entanto, Bassanezi ressalta que os citricultores devem adotar as medidas de manejo integrado recomendadas pela legislação para evitar a presença de lesões em frutos e a redução na produção pela queda prematura de frutos.

“O cancro cítrico pode causar perdas de até um terço da produção, por isso a combinação de aplicações de cobre, implantação de quebra-vento e controle do minador dos citros [inseto que danifica folhas e permite a entrada da bactéria da doença], é fundamental para produzir frutas sem sintomas e para reduzir danos. Quando são adotadas as medidas de mitigação de forma rigorosa, é possível ter alta produtividade e produção, pois os impactos do cancro cítrico são reduzidos”, afirma.

As regiões com as maiores incidências são Votuporanga (71,43%), São José do Rio Preto (39,32%), Matão (29,31%) e Bebedouro (24,18%). As menores incidências estão nas regiões de Itapetininga (0,38%), Altinópolis (0,38%) e Porto Ferreira (0,66%).

A incidência de cancro cítrico é maior nas propriedades menores: em pomares com até 10 mil árvores, 22,42% das plantas apresentam sintomas.

Incidência de CVC permanece baixa

Ainda segundo o levantamento do Fundecitrus, a incidência da CVC no parque citrícola passou de 1,30%, em 2018, para 1,71%, em 2019, mas o aumento não é considerado significativo e o índice permanece baixo, especialmente quando comparado com a década passada, em que a incidência da doença estava acima de 40%. Hoje são aproximadamente 3,3 milhões de plantas com sintomas, o que mostra que as medidas de manejo desenvolvidas pela pesquisa desde que a doença foi detectada no Brasil, em 1987, têm sido eficientes. Árvores com CVC apresentam frutos pequenos, duros e que amadurecem precocemente, reduzindo a produtividade.

As regiões mais afetadas são Votuporanga (7,99%), Limeira (3,84%) e São José do Rio Preto (3,31%), seguidas das de Bebedouro (2,22%), Altinópolis (1,74%), Porto Ferreira (1,74%), Matão (1,42%), Triângulo Mineiro (0,96%), Brotas (0,78%), Avaré (0,32%), e Duartina (0,28%). Em Itapetininga a CVC não foi detectada nas amostras sorteadas, o que indica que, se a doença estiver presente na região, o nível é muito baixo.

A maior parte das plantas detectadas com CVC no levantamento (62%) estavam com sintomas iniciais da doença. Tendo em vista que os prejuízos estão associados a sintomas mais severos, as perdas por CVC devem ser muito limitadas no parque citrícola.

De acordo com o gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, o pacote tecnológico do manejo da CVC é um caso de sucesso da citricultura brasileira para o mundo, já que, em 30 anos, a doença foi detectada e desenvolvido todo o conhecimento de sua transmissão e das medidas de controle. “O caso da CVC demonstra que existe uma curva de aprendizagem para conseguir manejar a doença e devemos segui-lo como um espelho para o aprimoramento do manejo do greening”, destaca.

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