Cancro cítrico atinge 0,99% dos talhões do parque citrícola
Levantamento amostral do Fundecitrus mostra que a contaminação dobrou de 2010 para 2011
16/01/2012 - De acordo com levantamento amostral realizado pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a incidência de cancro cítrico saltou de 0,44% para 0,99% em 2011 nos talhões do parque citrícola. Esse valor já indica uma ameaça, pois supera o índice de 0,70%, constatado no primeiro levantamento.
A região mais afetada é a Noroeste, com 7% dos talhões contaminados, seguida pela Oeste, com 2,2%. As demais regiões apresentaram índices inferiores a 1%, como a Norte (0,5%), a Sul (0,27%) e a Centro (0,05%). O levantamento foi realizado por 80 inspetores que percorreram 10% dos talhões em toda a área citrícola, em 2011.
Como o número é o mais elevado dos últimos 13 anos, o momento é de atenção e de reforço das medidas de prevenção. “As condições desta época do ano, como as chuvas e o calor, somadas à colheita, criam o ambiente ideal para uma rápida e fácil disseminação da bactéria causadora da doença”, explica o presidente do Fundecitrus, Lourival Carmo Monaco.
“Esse momento exige profunda reflexão dos produtores, pois caminhamos para uma situação de perda total de controle dentro da política atual de supressão da doença”, destaca.
Além de uma política de defesa fitossanitária, ações efetivas e contínuas, o controle do cancro cítrico depende muito do produtor, que deve cuidar do pomar, realizando constantes inspeções à procura da doença e adotando medidas de prevenção, como a desinfestação do material de colheita, pulverização de caminhões e veículos que circulam na propriedade, entre outros.
Atualmente na ausência de inspeção sistemática pelos órgãos de defesa, em casos de suspeita, o citricultor deve comunicar a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), que encaminha o material para análise laboratorial. Se confirmada a doença, o produtor deve seguir a portaria 291 do Ministério da Agricultura, que prevê a erradicação de árvores em um raio de 30 metros a partir daquela que estiver com sintomas.
É importante lembrar que a ação deve ser contínua, pois uma planta contaminada recentemente pode demorar até cinco meses para apresentar os primeiros sintomas.
Ações do Fundecitrus
A equipe do Departamento Técnico do Fundecitrus está apta para ajudar produtores a identificar a doença. Basta agendar uma visita em sua propriedade pelo telefone 0800 112155.
Além disso, a instituição realiza cursos, treinamentos e palestras específicas sobre o cancro cítrico em todo o Estado de São Paulo. O Fundecitrus também disponibiliza materiais de orientação e educação, como folhetos e manuais. Em 2011, lançou um vídeo educativo sobre a doença, detalhando formas de contaminação, sintomas, prevenção e controle. Para assistir, basta entrar no site: http://www.youtube.com/watch?v=k9e-Btkt23c&feature=related.
Os interessados em obter mais informações podem conferir aqui na página do Fundecitrus na Internet.
O cancro cítrico
Causada pela bactéria Xanthomonas citri subsp. citri, o cancro cítrico está no Brasil desde 1957. Nenhuma variedade está imune à doença. Os sintomas podem aparecer em ramos, folhas e frutos.
Nas folhas, o primeiro sinal é o aparecimento de pequenas manchas amarelas circulares. Com a evolução da doença, as manchas se tornam marrons, circulares, podendo atingir alguns centímetros de diâmetro.
Geralmente, o cancro cítrico induz lesões salientes nos dois lados da folhas, o que facilita sua diferenciação das demais doenças. Outro sintoma muito comum é o aparecimento de um anel amarelo ao redor das lesões da cor marrom.
Nos frutos, a doença se manifesta pelo aparecimento de pequenas manchas amarelas e circulares que, aos poucos, crescem e se tornam marrons. Já nos ramos, é possível identificar lesões pardas em forma de crostas.
Se a bactéria estiver presente no pomar, ela pode se espalhar por meio da chuva, do material de colheita, do trânsito de veículos e máquinas agrícolas e também pelo próprio colhedor.
Medidas como a desinfestação do material de colheita, a pulverização de caminhões e veículos antes de entrar na propriedade e a queima de restos de colheitas são fundamentais para manter a propriedade livre da infestação do cancro cítrico. A utilização de bins, plataformas que dispensam a circulação de caminhões na propriedade durante a colheita, também é uma importante ação para evitar a proliferação da bactéria.