Brotação e psilídeo: entenda a relação de atratividade, contaminação e dispersão do inseto e da bactéria do greening nas plantas de citros
Ao longo dos anos, as pesquisas do Fundecitrus conseguiram obter muitas informações sobre o papel das brotações e o comportamento tanto do psilídeo quanto da bactéria do greening, conhecimento fundamental para o desenvolvimento de estratégias eficientes de manejo. Confira algumas dessas informações:
- O que é brotação?
É o processo que leva ao surgimento de novos tecidos (brotos), normalmente nas extremidades dos ramos e das copas das plantas.
- Por que os psilídeos são atraídos pelos brotos?
Porque os brotos são os locais onde os psilídeos se alimentam e se reproduzem. Eles são atraídos pela cor, que é verde clara, contrastando com o verde escuro das folhas maduras, e por substâncias químicas voláteis.
- Por que os brotos favorecem a alimentação e a reprodução do inseto?
Porque possuem camadas de células com paredes finas, o que facilita a penetração do estilete (aparelho bucal) tanto do inseto adulto como da ninfa, que é a fase de vida do inseto que acontece logo após a eclosão dos ovos.
- Qual a relação entre o nível de maciez do broto e a quantidade de ninfas que chegam à fase adulta?
À medida que o broto amadurece, seus tecidos ficam mais rígidos, dificultando a penetração do estilete da ninfa e prejudicando a alimentação do inseto. Por isso, muitas morrem e não chegam à fase adulta.
- O que estimula o surgimento de novos brotos nas plantas?
A idade da planta, o clima e a prática de poda. Plantas jovens que ainda não começaram a produzir frutas emitem brotos quase que o ano todo. Plantas adultas emitem brotos em diferentes épocas, estimuladas principalmente pela ocorrência de chuvas e por temperaturas acima de 20°C. A poda lateral e do topo das plantas é também um grande estimulador de brotações. Além disso, a planta precisa de boas reservas nutricionais como condição fisiológica para brotar.
- Quais as condições favoráveis para o crescimento e quanto os brotos crescem por dia?
Para crescer, os brotos também dependem da temperatura e da umidade do solo. Por exemplo, entre 22 e 25°C e com solo úmido, os brotos podem crescer, em média, de 1 cm a 1,5 cm por dia, e sob temperaturas mais altas podem crescer até 4 cm por dia.
- Quais as fases do broto mais favoráveis para a alimentação do psilídeo?
As fases mais favoráveis à alimentação do psilídeo são as fases de crescimento do broto (V2 a V6). Nessas fases, os brotos são mais moles com a presença de folhas pequenas em rápida expansão ou totalmente expandidas. A fase V7, quando as folhas já estão totalmente maduras, é menos favorável, mas ainda assim serve de alimento ao inseto.
- Como o psilídeo transmite a bactéria do greening?
A transmissão é dividida em três etapas:
1 – Aquisição: etapa em que o inseto adquire a bactéria de uma planta doente durante a alimentação. A aquisição pode se dar depois de poucos minutos de alimentação – a maior ou menor taxa de aquisição vai depender da concentração da bactéria na planta, o que, por sua vez, depende da temperatura. Temperaturas muito altas (acima de 35°C) ou muito baixas (abaixo de 15°C), por exemplo, dificultam a multiplicação da bactéria na planta.
2 – Latência: etapa em que ocorre o processo de multiplicação da bactéria dentro do inseto e que dura em torno de duas semanas.
3 – Inoculação: etapa em que o psilídeo ‘injeta’ a bactéria nas plantas sadias por meio de seu estilete ao se alimentar nos brotos. A inoculação pode acontecer também depois de poucos minutos de alimentação do psilídeo na planta.
- Como a bactéria se movimenta na planta?
A bactéria se movimenta levada pelo fluxo da seiva do floema, que vai em direção às partes em crescimento, como novos brotos e raízes. Essa movimentação contribui para a disseminação da doença porque a bactéria é levada para os brotos, onde o psilídeo costuma se alimentar.
- Quais fatores contribuem para a dispersão do psilídeo?
A perturbação ou o amadurecimento dos brotos incentiva o psilídeo a migrar para outras plantas, e o aumento da temperatura e a baixa umidade do ar induzem a dispersão do inseto. Os ventos favorecem a sua dispersão para distâncias mais longas e também indicam a direção de migração.
Estratégias de manejo do psilídeo: nesse webinar, profissionais do Fundecitrus falam sobre o momento de alta população e como controlar o inseto. Assista em https://www.youtube.com/watch?v=j1cFaLEKOX0