Alerta para o período crítico da Leprose: época exige manejo adequado do ácaro para o controle da doença
A Leprose é uma doença importante da citricultura brasileira que, nos últimos anos, tem causado danos significativos aos pomares de laranja do cinturão citrícola. Com a chegada do período crítico de ocorrência da doença, que ocorre entre os meses de maio e setembro, momento em que os frutos estão em desenvolvimento e a falta de chuvas favorece os surtos do ácaro transmissor, o citricultor deve redobrar os cuidados nos pomares.
A leprose tem o potencial de causar queda intensa e prematura de frutos, desfolha e seca de ramos e reduz drasticamente a produção e a longevidade da planta, provocando grandes prejuízos aos citricultores. As laranjeiras doces são as mais suscetíveis, enquanto que alguns tipos de citros são resistentes ao vírus da leprose, como a lima ácida Tahiti e a tangor Murcott.
Na última safra, a doença foi a quinta maior responsável pela queda prematura de frutos de laranja, provocando uma perda estimada em 7,94 milhões de caixas. No Brasil, a doença é encontrada em todas as regiões produtoras de citros. Em São Paulo, ocorre no estado todo, com maior intensidade no Norte e Noroeste, onde o déficit hídrico e temperaturas mais elevadas favorecem a reprodução do ácaro da leprose.
Recomendações de manejo
Uma das principais estratégias de manejo para manter o ácaro transmissor da leprose em níveis baixos é a aplicação de acaricidas. No entanto, alguns cuidados devem ser tomados quanto ao uso desses produtos para evitar a seleção de populações resistentes do ácaro a determinado acaricida.
De acordo com o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi são poucos os acaricidas eficientes disponíveis na citricultura para o ácaro da leprose. A recomendação é que não sejam feitas aplicações sequenciais de um mesmo produto. “É fundamental que os citricultores redobrem os cuidados nesse período. Para evitar a seleção de populações resistentes, uma das estratégias é não repetir o mesmo princípio ativo e fazer a rotação de acaricidas com modos de ação diferentes. Com isso, é possível preservar a eficiência dos poucos produtos disponíveis no mercado”, explica Bassanezi.
O especialista ressalta, ainda, que melhores resultados de controle do ácaro da leprose ocorrem quando a infestação no pomar ainda é baixa, ou seja, menos de 3% dos frutos com a presença do ácaro. “O citricultor deve realizar o monitoramento em pelo menos 2% das plantas, observando de 3 a 5 frutos por planta, no máximo a cada duas semanas, com profissionais treinados na identificação do ácaro da leprose, para conseguir detectar o aumento da população bem o início e, logo em seguida, realizar a aplicação do acaricida”, ressalta.
Outras estratégias complementares de manejo devem ser usadas para baixar a população do ácaro, como eliminação de plantas daninhas hospedeiras do ácaro e retirada de todas as frutas na colheita, sem deixar frutos remanescentes na árvore.
O ácaro da leprose caminha a curtas distâncias, mas também pode se dispersar sendo transportado em material de colheita, plantas e frutos infestados e pelo vento. Por isso, a outra dica é plantar mudas sadias livres do ácaro, fazer a limpeza de materiais de colheita para evitar a introdução do ácaro em áreas livres da doença e colher primeiro os talhões sadios antes dos talhões com histórico de infestação.
A poda periódica de ramos com lesões de leprose ajuda a reduzir a fonte de vírus dentro do pomar, além de recuperar a sanidade das plantas.
Saiba mais sobre a doença e recomendações de manejo no Manual de leprose dos citros, disponível para download gratuito em: https://www.fundecitrus.com.br/comunicacao/manual_detalhes/leprose-dos-citros/85.