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65% dos psilídeos de São Paulo carregam a bactéria do HLB

Uma análise feita pelo Fundecitrus em psilídeos capturados nas armadilhas do Alerta Fitossanitário, entre fevereiro de 2014 e fevereiro de 2015, mostra que 65% desses insetos carregavam a bactéria do HLB (greening). O número é alto e preocupante na opinião do pesquisador Nelson Arno Wulff, orientador do projeto, que fez parte da dissertação do engenheiro agrônomo Rodrigo Sassi, no mestrado profissional em Controle de Doenças e Pragas dos Citros - MasterCitrus.

"Pesquisas anteriores feitas na região de Mogi Guaçu, no ano de 2011, encontraram apenas 17% de psilídeos com a bactéria do HLB. O salto ocorrido em poucos anos, mostra o quanto a bactéria se espalhou. Muito em decorrência da menor erradicação de árvores doentes", analisa o pesquisador.

Por um ano foram avaliados 50 psilídeos por quinzena, capturados nas regiões de Araraquara, Avaré, Bebedouro e Santa Cruz do Rio Pardo, chegando a um total de 400 amostras por mês. Os insetos eram retirados ao acaso das armadilhas adesivas amarelas, totalizando no máximo dois por cada cartão.

Durante a pesquisa quase 4 mil psilídeos foram analisados. Wulff conta que desde a descoberta da doença em São Paulo havia o interesse em fazer esse tipo de monitoramento, mas os altos custos das análises de PCR, método que verifica a presença da bactéria, na época inviabilizavam o projeto. "Esses dados são de grande importância porque dão ideia do risco causado por estes psilídeos com a bactéria", diz o pesquisador.

Entre as regiões monitoradas pelo Alerta Fitossanitário, Santa Cruz do Rio Pardo é a que registrou mais psilídeos com a bactéria do HLB, chegando ao pico de 73%. Também foi a que manteve a maior média ao longo de todo o ano, sempre superior a 50%.

Em seguida, a região de Avaré teve pico de 69% de insetos com a bactéria e a de Araraquara, com 65%. A região de Bebedouro registrou 54%. Também teve os menores índices de psilídeos com bactéria, com quatro quinzenas abaixo dos 30%, sendo que entre novembro e dezembro chegou a 20%.

Para Wulff, a diferença regional pode ser causada por fatores climáticos e pelo engajamento dos citricultores no manejo regional do HLB. "Santa Cruz do Rio Pardo é a região que tem menos participação no Alerta Fitossanitário (somente 54% da área são cobertos pelas armadilhas que ajudam no monitoramento da população de psilídeo). Também está próxima a região de Duartina onde, segundo levantamento do Fundecitrus, 3% da área citrícola está abandonada", diz. "Por outro lado, Bebedouro, além de ter uma grande aderência no Alerta Fitossanitário (63%), fica em uma região mais quente e pesquisas já comprovaram que essa condição climá- tica inibe a proliferação da bactéria do HLB", completa.

Outra observação da pesquisa é que na região de Araraquara, embora a infectividade dos insetos esteja em um nível intermediário, a população de psilídeos na época de pico chega a ser dez vezes superior as de outras regiões. Uma das hipóteses para o fenômeno é que o clima da região favorece as brotações e, consequentemente, a multiplicação do inseto.

Essa característica fica clara quando se compara o pico populacional de psilídeos nas regiões monitoradas. Em 2014, em Avaré e Santa Cruz a maior população foi nos meses de outubro e novembro de 2014, enquanto em Araraquara foi de novembro de 2014 a janeiro de 2015 e na região de Bebedouro, em fevereiro de 2015.
A porcentagem de psilídeos com a bactéria é 9% maior nas áreas sem manejo do que nos insetos capturados em áreas com o mínimo de cuidado, ou seja, com algumas pulverizações ao longo do ano. "Esses dados apontam o potencial de risco dos pomares sem cuidado porque os psilídeos que saem dessas áreas são capazes de infectar árvores sadias", afirma Wulff.

Saiba mais na Revista Citricultor nº35

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